diciembre-enero 2023, AÑO 22, Nº 90
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E um navio de oito velas
e oitenta canhões
estará atracado no cais
Jenny
Três é o número do infinito
Provérbio chinês do século III
As três mulheres – O lago Baikal, localizado no sul da Sibéria, logo acima da Mongólia, é o maior lago de água doce da Ásia, tem 636 quilômetros de comprimento e 80 de largura e abriga uma ampla biodiversidade com mais de mil espécies de plantas e mais de 1500 espécies de animais. Os chineses o conheciam desde a Antiguidade como Mar do Norte. Bertolt Brecht estava no trem Transiberiano desde 30 de maio de 1941 em fuga rumo ao exílio nos Estados Unidos, com sua mulher Helene Weigel, os dois filhos, Stefan e Barbara, e Ruth Berlau, atriz dinamarquesa com quem Brecht também tinha um caso. De passagem por Moscou, vindo da Finlândia via São Petersburgo, então Leningrado, o dramaturgo teve de deixar sua assistente e também amante Margarete Steffin, tuberculosa, aos cuidados de amigos. Todos os dias trocavam telegramas. Dia 1º de junho: “dia 31 durante a noite me sinto mais ou menos. dia primeiro durante o dia me sinto mal. bjs grete e maria.” Maria, diz Brecht em seu Arbeitsjournal, era Maria Grässhöhner (pseudônimo Osten), jornalista e escritora que tinha voltado à União Soviética em dezembro de 1938 quando seu companheiro Mikhail Kolzow (Brecht se refere à sua prisão no Arbeitsjournal), que ela havia conhecido em Paris como correspondente do Pravda, foi preso por traição. Foi ela que cuidou de Grete até sua morte no dia 4 de junho; Brecht ficou sabendo no Transiberiano, exatamente quando passava pelo lago Baikal, através de um telegrama “traduzido por nosso pequeno tradutor mongol”. Maria seria presa logo depois, 25 de junho, e fuzilada dia 8 de agosto como espiã. No dia 21 de julho, Brecht escreve em seu diário: “chegamos a san pedro, o porto de los angeles. martha feuchtwanger e o ator alexander granach nos pegaram no píer. elisabeth hauptmann conseguiu através de uma amiga um apartamento para que alugássemos. ela mesma tem um trabalho em N(ew) Y(ork).” Não diz quem são esse nós, não os enumera no Arbeitsjournal. Em 1º de agosto: “quase em nenhum lugar a vida me foi pior do que aqui nessa vitrine do easy going. A casa é muito bonita, meu trabalho uma mina de ouro (...) mas exatamente aqui grete me faz falta. é como se me tivessem tirado o guia justamente na entrada do deserto”. Pouco mais adiante no diário, Brecht dá notícia da morte do amigo Walter Benjamin.
Os narradores – Traduzo Salón de belleza, de Mario Bellatin, e à noite na cama perco o fôlego de tanto rir ao me aventurar pelas sinuosas frases, carregadas de repetição, de Thomas Bernhardt em Gehen (Ir). Às vezes me pego totalmente perdido nos delírios de Oehler que conta ao narrador como Karrer ficou louco varrido na loja de calças do senhor Rustenschacher. De dia, me esforço pra construir um texto em português para o Salão. Lá fora, neva. Aqui dentro, no conforto da calefação, anoto o peso e os contornos que o procedimento da repetição (Wiederholungsverfahren) toma em ambos os escritores.
*
O poema – Leio no Frankfurter Allgemeine que foi encontrado um poema de Brecht em uma pequena página de um caderno de notas, escrito a lápis, numa letra pequena, difícil de decifrar, poema que seria a primeira reação do dramaturgo à morte do amigo Walter Benjamin no verão de 1941. Ficou durante um tempo perdido entre os papéis que Brecht e Helene deixaram em Zurique com o amigo Victor Cohen quando voltaram dos Estados Unidos em 1947. Entre as mais de 2 500 páginas que ficaram em uma garagem do lago de Zurique até cerca de 10 anos atrás, estava esse achado que agora é a vedete de uma exposição na Academia das Artes de Berlim intitulada Denken in Extremen. A página traz as iniciais de Benjamin como título e nove versos:
WB
selbst der wechsel der até a mudança das
jahreszeiten estações do ano
rechtzeitig erinnert lembradas a tempo
hätte ihn zurückhalten deveriam tê-lo feito
müssen recuar
der anblick neuer gesichter a visão de novos rostos
und alter auch e também de velhos
neuer gedanken heraufkunft a vinda de novos pensamentos
und neuer schwierigkeiten e de novas dificuldades
Brecht escreveu mais dois poemas dedicados à morte de Benjamin: An Walter Benjamin, der sich auf der Flucht vor Hitler entleibte e Zum Freitod des Flüchtlings W.B.
O montador maluco – Entre Schwarzenholz e Reisbach, a paisagem se estende diante de mim através do vidro do carro que avança ao longo de uma estrada estreita. A terra ondulada deixa à mostra o verde do campo cultivado em contraste com o cinza carregado do céu de dezembro. Na pequena comunidade de Reisbach, a igreja de Sankt Marien, toda em pedra cinza, é o nosso destino: na missa de Natal coro e orquestra acompanham o ritual levado por três padres, quatro coroinhas mulheres e dois meninos. Diante de meus olhos se desdobra em suas partes, assinaladas pelos coros indicados em um placar nas laterais do altar. A comunidade formada de pequenos agricultores pode assim acompanhar no livro de cantos os hinos em latim e em alemão. Nas partes faladas, a comunidade tosse. Não consigo juntar sujeito e predicado a seus objetos, pois há sempre uma série desorganizada, mas contínua de tosses que rasga o texto em fragmentos incompreensíveis. Como se um montador infernal estivesse interferindo na missa e destruindo suas conexões, suas articulações de sentido. Escuto referências ao momento político, às dificuldades dos partidos tradicionais em formar um governo após o desastroso (para os grandes partidos) resultado das eleições; também referências à guerra na Síria, aos refugiados, sem no entanto lograr armar um sentido e entender a posição da igreja católica nessa pequena província cortada pelo rio Saar. Fico com a impressão de que mais do que o rito cristão o que une essa gente é a tosse. Apesar da tosse e do frio que vem do chão gelando os pés, me delicio com a música muito bem executada e cantada que enche cada pedaço da igreja de pedra cinza do século XIX com seus agnus dei, sanctus, kyrie eleison.
A imagem – Há uma foto tirada por um fotógrafo não identificado que mostra Benjamin, à direita, e Brecht, à esquerda, ambos sentados diante do tabuleiro de xadrez, à sombra de uma árvore, no verão de 1934, em Skovsbostrand, na Dinamarca, três quilômetros do centro de Svendborg, onde o dramaturgo viveu de 1933 a 1939. Com a luz direta em seu rosto, Brecht fuma um charuto (...werde ich hoffentlich / Meine Virginia nicht ausgehen lassen durch Bitterkeit...), enquanto Benjamin, iluminado pelas costas, o rosto na sombra, prepara uma jogada com as peças pretas. É verão, mas ambos estão de camisa de manga comprida e casacos leves. Poucos anos depois, cada um fugiria da Europa por uma direção: Brecht pelo Leste, via União Soviética, Benjamin, Oeste, via França e Espanha até Portugal. O poema A Walter Benjamin que se matou fugindo de Hitler, escrito em 1941, parece sair dessa imagem:
Ermattungstaktik war’s, was dir behagte
Am Schachtisch sitzend in des Birnbaum Schatten.
Der Feind, der dich von deinen Büchern jagte
Lässt sich von unsereinem nicht ermatten.
Era a tática do cansaço o que te agradava
diante do xadrez, sentado à sombra da pereira.
O inimigo que você em seus livros caçava
Não se deixa cansar por gente sem eira nem beira.
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Erst kommt das Fressen – Sonho com objetos desaparecidos, como a escarradeira e o penico. No Salão de Beleza, fico na dúvida se a palavra bacinica significa penico ou um prato destes de lata usado, por exemplo, para dar comida aos animais. O dicionário da Real Academia me remete a bacinilla e dá como sentido: vasija pequeña para diversos usos e orinal. Antes chequei a tradução alemã e lá encontrei Näpfe, plural de der Napf, prato pequeno, raso e redondo, particularmente vasilha para comida de animais domésticos. Meus amigos argentinos, apesar das ressalvas à palavra pouco usada no país, não hesitam: é urinol, ou penico, que uma busca rápida confirma ser de origem desconhecida, talvez proveniente de pênis. No texto vem junto com os pratos (“Talvez também os penicos e os pratos em que sirvo as sopas”). Como bacía, serve para contener líquidos y alimentos. O alfa e o ômega.
Oh moon of Alabama, we now must say goodbye. A canção, parte de Mahagony, ein Songspiel, que Brecht e Kurt Weill escreveram para um festival de música em 1927, em Baden-Baden, foi aproveitada e retrabalhada, junto com os outros trechos (o Songspiel tem cinco canções, um epílogo, também cantado, e algumas passagens instrumentais), na ópera Ascensão e queda da cidade de Mahagony, cuja estreia vaiada por simpatizantes do Partido Nazista aconteceu no Neuer Theater Leipzig em março de 1930. Brecht e Weill na mesma época, verão de 1928, compõem, a partir da Beggar’s Opera, de John Gay, a Ópera dos Três Vinténs, também recheada de deliciosas e estranhas canções, que teria em 1978, uma versão de Chico Buarque (Ópera do Malandro). Alabama Song aparece logo no primeiro ato cantada por Jenny e seis mulheres que procuram o caminho do primeiro whisky bar disponível. A canção se divide então entre essa primeira parte (Oh show us the way to the next whisky bar) que aponta para o futuro, a prostituição e os bordeis de Mahagony, e a romântica melodia da despedida, Adeus, oh lua do Alabama, divisão fortemente marcada e que faz a delícia da peça. Brecht conhece então o sucesso. Três anos depois, foge com a família e colaboradores para a Dinamarca. We’ve lost our good old mamma, and must have whisky oh you know why.
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A imagem – Talvez a cena mais linda do Salón seja o sonho do narrador no fragmento em que descobre que também está doente. No sonho, volta à escola onde estudou e ninguém o reconhece. Tampouco a mãe. Acorda muito triste. Volta a dormir e quando acorda de novo os doentes reclamam sua atenção. Ao levar um deles ao banheiro, descobre, de relance, no espelho que usava pra fazer a barba, o desabrochar da doença.
O círculo infernal – Carola Neher nasceu em Munique com o século XX. Trabalhou aqui e ali no teatro, Baden-Baden, Darmstadt, Nuremberg até ir pra Munique onde conheceu o poeta Klabund. Sua peça O círculo de giz (Die Kreidekreis) foi o primeiro sucesso da jovem atriz e do poeta. Escrita a partir de uma história chinesa do século XIII, seria depois, em 1948, retrabalhada por Brecht. Em 1928, Neher participa dos ensaios da Ópera dos Três Vinténs, mas tem de ir pra Davos às pressas onde seu marido, o poeta vagabundo, morre de uma longa tuberculose. Quando a Ópera volta ao cartaz em 1929, Neher retoma o papel de Poly. Também como Poly participa da filmagem da peça por Pabst. Krakauer diz que o filme fracassa e que Neher não sustenta a nova posição de Poly no filme como dona dos negócios escusos de Mackie Messer. Em 1933, já filiada ao Partido Comunista, foge da Alemanha com o novo marido, Anatol Becker, para Praga e de lá para a União Soviética. Em 1936, são presos. Becker, acusado de ser trotskista, é fuzilado e Neher condenada a 10 anos de trabalhos forçados. Cinco anos depois, morre na prisão em Orenburg de tifo. Em seu Arbeitsjournal, Brecht escreve: “também kolzow preso em moscou. minhas últimas ligações na rússia. ninguém sabe nada de tretiakow, que seria um ‘espião japonês’. nada sobre neher que por incumbência de seu marido teria executado ‘negócios trotskistas’ em praga.” we must have whisky oh you know why.
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Das Wetter – Chove. Hoje não fui ao parque ver os patos e a Urweltmammutbaum, minha árvore amiga vinda da China.
De volta – E em 1948, Ruth Berlau deixa os Estados Unidos e vai para a Suíça encontrar Brecht e Helene Weigel em Zurique. Em seu livro Brechts Lai-Tu, Berlau conta: “Brecht queria muito ir para Augsburg e Munique. Queria ver sua cidade natal e encontrar seus amigos de juventude (...). Mas os americanos não permitiram sua entrada na zona ocupada. Por isso Brecht me mandou para a Alemanha Ocidental (...). Eu possuía ainda uma credencial de jornalista dos americanos e podia não apenas viajar mas também morar no Centro de Imprensa de Munique. (...) Com o tempo, cresceu a vontade de Brecht de ir para Berlim. Encontrou amigos que o ajudaram com a viagem: Gottfried von Einem, na Áustria, Egon Erwin Kisch, na Tchecoslováquia, e Günther Weisenborn que tinha uma boa relação com o comandante soviético de Berlim. Em meados de outubro de 1948, Brecht e Helene Weigel viajam por Salzburg, Praga e Dresden até Berlim. Foi uma viagem árdua, com muitas paradas. Brecht estava impressionado com a destruição que via por toda a parte. Mas ele voltava à Alemanha! Estava excitado por ver de novo a Berlim que ele tivera de deixar há 15 anos precipitadamente.”
Convivência – Em um texto de 9 de abril de 2015 do Frankfurter Neue Press cujo título é A praga do ganso no Ostpark, fico sabendo das preocupações de vereadores do CDU (União Democrata-Cristã) que querem diminuir a população de gansos alegando que os bichos sujam o gramado. Fressen unter Aufsicht, algo como Comida sob controle, é o que querem os representantes dos cidadãos por via de um plano já executado na cidade de Bad Nauheim que proíbe que se dê comida aos animais. No Ostpark vejo três tipos de gansos: o ganso-do-egito (Nilgans ou alopochen aegyptiaca) originário da África, foi levado para a Grã-Bretanha e de lá vem descendo até chegar à Alemanha; o ganso-bravo (Graugans ou anserinae) de bico laranja e plumagem cinza; e o ganso-do-canadá (branta canadensis), com o longo pescoço e a cabeça pretos, que veio para a Europa no reinado de Jaime II da Inglaterra, no século XVII. Hoje na volta do passeio no parque, ficamos algum tempo observando um grupo de gansos-bravos atrapalhando o trânsito ao cruzar a rua lentamente fora da faixa de pedestres para alcançar o gramado na encosta do Röderberg, a parte mais alta do bairro.
Flores de última hora – Em abril de 1929, Carola Neher volta a Berlim de uma turnê. Na estação, Brecht espera com flores, tem que dizer a ela que se casou com Helene Weigel. A atriz fica furiosa e joga as flores, compradas por Otto Müllereisert e entregues ao amigo pouco antes da chegada do trem, na cara de Brecht e se vai. Segundo seu biógrafo Klaus Völker, Brecht teria dito à jovem amante: “Foi inevitável (o casamento), mas não significa nada”. Acrescenta Völker: “algo assim soou seu esclarecimento”. Elisabeth Hauptmann, responsável por levar a Brecht o tema da Ópera dos Três Vinténs e a quem Völker dedica a biografia, tenta o suicídio.
Movimento das águas – Escuto no rádio e vejo na TV que os rios Meno (Main), Reno (Reihn) e Mosela (Mosel) estão subindo e ameaçando algumas cidades. As chuvas frequentes e a alta temperatura para a época (até 10, 12 graus) que leva aos rios as águas do degelo nas montanhas são as causas apontadas. Vou até o centro da cidade para ver o rio. Cor de barro e bem alto, ameaça sair de suas margens, mas segundo os últimos informes as águas já começam a baixar.
A imagem – A foto tirada por Roger Melis em 1973 mostra Berlau, a rote Ruth, em sua casa em Berlim, sentada em uma poltrona, vestida de preto, a mão direita na testa, a esquerda batendo o cigarro no cinzeiro em frente. Sua figura atravessa diagonalmente a imagem da direita para a esquerda, na parte superior à esquerda, há um retrato de Brecht e dois objetos. O preto do vestido, da poltrona e da mesa que ocupam grande parte da imagem contrasta com o rosto branco no alto, à direta. Ruth tem 67 anos. No ano seguinte, no dia 15 de janeiro, morreria no Hospital Charité de Berlim em um incêndio na cama causado por seu cigarro.
Convivência – De setembro a dezembro, as autoridades de Frankfurt resolveram permitir a caça ao ganso-do-egito pois até mesmo uma piscina pública, Brentanobad, situada a noroeste da cidade, em Rödelheim, estava sendo ocupada pelos animais. Os jornais dão conta de uma discussão sobre a liberação ou não da caça depois de várias tentativas sem sucesso de afastar os quase 100 gansos que se instalaram no local. As alegações são sempre as mesmas: eles sujam o gramado com suas fezes que contêm salmonela, o que pode ser perigoso para as crianças. Alguns acusam os gansos de serem agressivos e de atacar as pessoas que passam. As fotos mostram os gansos tranquilos na piscina e um gordo e grande caçador com seu cachorro que declara no texto que após alguns tiros os bichos certamente saberiam que ali não é um bom lugar pra ficar. Em dezembro, seis gansos foram mortos e Brentanobad ficou livre dos gansos-do-egito.
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Os narradores – O primeiro capítulo do livro da Ruth vermelha começa assim: “Um velho filósofo indiano tinha como princípio que seus estudantes só poderiam ser reconhecidos depois de ouvi-lo durante quatro anos sem dizer palavra. Eu estou agora há vinte e cinco anos com Bertolt Brecht e fiquei todos esses anos sem dizer nada. Agora, vou tentar falar.” Já Völker escolhe para a biografia de Brecht como epígrafe a famosa definição de Freud sobre a impossibilidade da verdade na biografia.
Convivência – Além dos gansos, Frankfurt também teve problema com os coelhos. Há matérias nos jornais que falam de uma praga dos coelhos. Encontro também matérias que falam de problemas com os corvos. Por exemplo, em uma estação do metrô em Kalbach os usuários tinham em 2013 de esperar os trens com guarda-chuvas para se protegerem do cocô dos corvos que haviam, segundo o jornal, invadido a estação. Uma procura no google com “praga de animais em Frankfurt” (“Tierplagen in Frankfurt”) dá como resultados não apenas os problemas de convivência com os gansos-do-egito, os coelhos e os corvos, mas aparece também um texto com o título: De cada cinco estrangeiros em Hessen um mora em Frankfurt.
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New York, Dezembro de 1935 – Querida Helli (Helene Weigel),
Fiz tudo que pude para sair daqui, mas teria sido uma besteira muito grande pois ainda alguns pontos da negociação sobre o romance e “Rundköpfe” (Os cabeças redondas) estão incertos. Portanto posso ir em mais ou menos 2 semanas, na pior das hipóteses em 3, de maneira que em meados de janeiro estou em Svendborg. O que há então é um natal triste em New York no colo da família Eisler. O Natal em Svendborg faremos naturalmente depois, vou levar o necessário. Sinto muita falta de Stef e Barbara, ainda mais agora, e uma árvore de Natal sem você não consigo mais imaginar; foram sempre um dia e uma noite lindos, querida Helli. Aqui não é exatamente muito cômodo e ainda tem o Otto. Ele tem de vir em janeiro!
Está comendo direito? Não fume muito e mantenha a casa aquecida. E me guarde em sua lembrança (e escreva “sua” no fim da carta)
Te beijo
B
(Actualización marzo – abril 2018/ BazarAmericano)